11.4.10

Amor não aceita adiamentos ou concessões. Pede sempre o mais difícil e para agora. FC

“Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida.
Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver
o que não entendo – quero sempre ter a garantia de
pelo menos estar pensando que entendo,
não sei me entregar à desorientação”
Clarice Lispector, em A Paixão Segundo G.H


Ah! Como eu queria viver de certezas. Que inveja eu tenho daqueles que falam "Eu tenho certeza absoluta!". Eu não tenho, são poucas as coisas das quais intitulo como certezas e até estas já me pregaram peças. Queria poder ter certeza disso que vivo hoje, mas como tê-la?

Como esperar isso de alguém que esqueceu seus sonhos numa noite de sofrimento? Como esperar esta certeza de alguém que já perdeu a fé em amor de contos de fadas, em olhar que desconcerta, em abraço que protege, em metade que faltava? Alguém que já não sente falta de nada, alguém que já se sente completa sozinha e já não espera ninguém que a complete. Alguém que já não esperava telefonemas durante a noite, email's recheados durante o dia, declarações delicadas de fim de tarde. Como esperar certeza de que isso tudo existe de uma pessoa que acumulou buracos tão profundos no peito? Quase abismos, quase infinito... do tipo, que não se ouve mais o barulhinho da chuva tocar no chão... caindo sem nunca chegar a superfície. Como esperar a certeza deste romance de alguém que caiu sem nunca achar um chão para se apoiar?

Mas hoje, hoje eu sei que não preciso da certeza. Hoje eu estou arriscando. Hoje eu me entrego a desorientação!!!! Ela é doce, ela é confortável. Prefiro eu acreditar no melhor. Além do mas, a gente nunca tem certeza, nunca, mas a gente arrisca e se entrega, mesmo porquê, certezas é para aqueles que não amam o suficiente. Foi isso que li um dia e espero que esteja certo por que agora não tem mas volta, eu não espero que alguém me complete... eu espero que alguém me transborde e eu já fui transbordada. Transbordada em riso, em colorido, em desejo e folia. E meus versos não mas, falarão de uma saudade melancólica e sim em melodia de rumba. E meus dias estão recheados de suspiros e assobios de nossa canção inédita.

Não desejo encontrar alguém que me complete,
é pouco, mas que me transborde,
até o final cansar e ser só início.

Fabrício Carpinejar

E mesmo que agora esteja longe, eu sei que estamos perto. E mesmo que tudo pareça tão rápido, eu sei que sentimos no mesmo instante que nos vimos e tudo que veio depois só foi para confirmar o que já era certo dentro de nós.

E chega de certezas! Eu até entendo que na correria do dia a dia, na velocidade que os olhos percorrem as páginas, se possa trocar a vírgula pelo ponto. Ou até entender como ponto uma vírgula. E isso aumentar tudo, quando a distância é bem menor. E nem precisamos converter as unidades. Basta converter interrogações em exclamações, reticências em dois pontos, pranto em riso, um falso amor em sincera declaração.



A qualquer momento, em qualquer lugar me perco em você, para me reencontrar!