29.11.09

Assalto ortográfico


QUASE fui assaltada hoje. No mesmo lugar em que QUASE já fui assaltada outras duas vezes. O lugar é perigoso sim, mas se tornou imprescindível eu passar por ali. Fato é que tomo cuidados "paliativos" (riso técnico hihi) para que nada aconteça, mas dentre anos sempre acontece alguma vez. E hoje, curiosamente, foi uma delas.
Confesso, realmente, eu relaxei. Logo hoje, que acordei de uma noite mal dormida, de sonhos tão turbulentos, não olhei, não vi, nada além de escada. Acordei com tantos pensamentos que em todo caminho só olhava para dentro de mim mesma, o que estava fora... somente passava.
Distraída que sou não vi, pior, nem percebi aquele estranho. Na direção oposta.
E deve ter sido por isso também, as dezenas de pensamentos contidas em mim, que não ouvi a primeira coisa que ele me disse. Desconfio, sim, penso que talvez fosse "passe o celular" ou "passe a carteira", algo tipo, são sempre tão iguais. criatividade que é bom, nada. Mas o que me chamou atenção mesmo foi a segunda parte, que ouvi mas não acreditei.
E então ele falou que era para eu dar alguma coisa a ele se não ele iria encher a minha cara de bala linda. Não, não escrevi errado, ele falou assim mesmo "ou vou encher sua cara de bala linda", isso tudo sem virgula, sem concordância, sem nada, nem entonação tinha. E foi isso que piorou tudo, porque não me contive e fiquei olhando para ele e pensando no que ele disse, nas possíveis interpretações.
Ou ele achava minha cara linda e iria enchê-la de bala, ou minha cara ficaria linda depois dele tê-la enchido de bala ou ainda e a mais provável que ele iria encher minha cara de belas balas, se é que existe isso, para mim bala é tudo fatalmente igual. O engraçado de tudo isso é que, apesar de tudo ter acontecido muito rápido, eu devo ter feito uma bela cara interrogativa. Se fosse desenho animado talvez tivesse até subido interrogações em cima da minha cabeça. E eu creio, que ele deve ter percebido porque nestes poucos segundos que fiquei tentando decifrá-lo notei a tentativa dele em repetir o discurso. Mas foi em vão, um homem vinha vindo por trás dele e ele desistira de encher minha bela cara de balas, sim, porque é claro que decidi interpretar como um elogio.
Fato é que depois de tudo fiquei a pensar: Nossa, até para assaltar devemos ter o mínimo de gramática! Dá próxima vez que me esbarrar com ele eu vou dizer "Vá aprender português antes de vir me assaltar" ou "Vá aprender português antes de assaltar pessoas que pensam demais".
Pensar é um vício, sem fim. Ele cicla e vai se renovando. Após o assalto, o ônibus que tive que correr para pegar. E ai mais pensamentos "se eu não tivesse pensado tanto no assalto, talvez tivesse dado tempo de pegar o ônibus e não ter que ficar pensando em meus joelhos".
Afe! São tantos pensamentos!

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Aí está, o único assalto aceitável. hehe
Um lindo filme, um lindo roubo.
Adoro!!!!!

26.11.09

Conversas com Rochas ou A arte de não saber quem se é


E o conhecido a encarou e disse: “sinto muito, mas, às vezes, não te reconheço”

Profundamente aliviada ela respondeu: “nem eu”.

Finalmente alguém a entendia.

25.11.09

Dias de sol


Que me perdoem os dias de sol, mas não estou adaptada a vida solar. Muita luz sempre me deu agonia nos olhos, me doem as vistas e me cegam para as pistas que ando a procurar. E outra que muita luz sempre me fez pensar em clareza de raciocínio, em palavras abertas e segredos contados. Não, não tenho nada contra a sinceridade, nada mesmo. Mas existem palavras e segredos que melhor mesmo é se manter no escuro, existem coisas que nada é tão apropriado quanto um breu. Além de existirem alguns raciocínios que são feitos para ficarem obscuros. Daqueles que você pode dar dezenas de possibilidades para explicá-los, e então você adapta para o que melhor lhe convir no momento. Estes sim me abrem os olhos e o sorriso, é claro. (risos)

Ou seja, resumindo a ópera, a escuridão lembra a noite que lembra os amores, ou melhor, os amantes, os que amam, juntos ou sozinhos, os que sofrem, os que lutam e os que dormem, os que declamam poesias e também os solteiros inveterados que amam a casualidade, mas também os que amam e se entregam, lembra os pecados. Ah! Os pecados! Me lembro como hoje meu primeiro pecado, meu primeiro beijo. (nossa eu já fui cada um destes!)
Meu primeiro beijo, digo-lhes, foi em minha sobrinha. Eu devia ter uns 11 anos e ela uns 7. Calma, não tenho tendências a pedofilia, meninas de onze anos, na minha época, ainda eram crianças, brincavam de boneca e tinham cabeçinhas ingênuas tanto quanto as de sete. E assim foi, como uma brincadeira, sem a menor intenção de invocar o pecado da luxúria. Enfim, foi algo ingênuo sem muita noção do que estava sendo feito. Contudo, pecar não é constrangimento para ninguém, mas explicar o pecado... ah sim! este leva a muitos constrangimentos (Como diaria meu caro Fabrício Carpinejar). E foi justamente o dia que eu expliquei (e não o dia que pequei) que me fez conhecer o duro significado do pecado. O qual ouvia sofridamente na voz de minha mãe que me citava a bíblia.
É claro que a ideia de ir para o inferno não é assim uma coisa muito agradável de se pensar, principalmente quando se é criança. E pensando bem, deve ser por isso que só voltei a beijar uns sete anos depois...tá, cinco anos depois. Fato, é que hoje em dia fico a me questionar, qual mal de duas crianças se beijarem, não havia pudor, nem sexo (gênero), nem pecado, havia curiosidade de criança, aquelas que todos os filósofos admira e recomenda, mesmo depois de adulto.
Mas sabe, hoje em dia pouco sofro com isso. Não que eu não peque, mas simplesmente não me arrependo. A não ser que tenha prejudicado alguém, fora isso, até que aproveito muito deles. Do tipo que "sem a nada nem a ninguém prejudicar, faço o que desejar". Os pecados capitais mesmo, tem alguns que faço questão de praticar diariamente. Talvez fique constrangida um dia ao contar, fora isso, não sou eu que vou carregar correntes.
Não me culpo por não atender o desejo dos outros, não me culpo por atender o desejo dos outros (risos). Não me culpo por não me enquadrar, não me culpo por não concordar, não me culpo pelos meus passos de tango enquanto todos dançam valsa (odeio valsa). Não me culpo por ser quem eu sou. Me sentiria culpada talvez se eu fingisse que não os tenho comigo, todos eles, todos os pecados, hora um hora outro, como algo que simplesmente faz parte de mim, sem nenhum raciocínio lógico para isso. E ainda assim evoluindo, ainda sim indo. Parar não me apetece.
Como diria minha querida Rebeca Mata "Eu vou andar por aí em dias quentes de sol, não sei se vou voltar, não sei se vou voltar!"
Ou seria melhor em noites úmidas de chuva? (risos de canto) kkkkkkkkkkkk


Vai aqui um vídeo que adoroooooooo!!!!!!!
Mesmo porque, coloco a carapuça do "sou carente sim e daí"!

19.11.09

Porque se você for parar pra pensar...

Há dias tão insanos que você mal pode acreditar que está se passando. Me peguei hoje pensando nisto, nos primeiros trinta e sete minutos do novo dia ainda me sentindo exausta. Alias, ando vivendo algo assim ultimamente e vocês, meus caros leitores devem ter percebido, já que minhas palavras andam acumulando poeira por aqui, mas como a maioria de vocês que me lêem também estão assim, então...whatever.
Enfim, pensando bem acho que "vivendo" nem é a palavra exacta, nem sei se tenho estas pretensões, quem sabe "sendo atropelada" seja um termo mais correto. Atropelada pelos acontecimentos, tão rápidos como vultos. Tão passageiros como o dia. Tão vulgares e brutos. Tão cansativos.
E quando estou cansada, sou mulher, sou bicho, sou homem. Tenho boca pouca para tantos bicos, tenho gritos, tenho fome. Tenho vontades de criar asas e fugir pra longe. Tenho falta, falta de colo. Colo, cama, mesa e banho. Tudo que uma mulher/bicho/homem merece ter.
E ao final do dia, quando a luz se apaga do mundo e as estrelas se acendem (quando tem), você olha para os teus pés... pois mal consegue levantar a cabeça e então você suspira e só se tem vontade de morrer.

Não, nada me aconteceu. Isto não é mais um dos meus períodos depressivos. Só muito trabalho. E o cansaço... consequentemente leva a uma obstinada vontade de fechar os olhos e morrer, morrer para renascer no dia seguinte e morrer de novo e de novo só para ter o prazer de renascer todos os dias.
Mas tudo bem, está tudo bem, enquanto eu consegui sorrir!

É como diz meu caro Renato "Quero colo (...) posso dormir aqui com você?"


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E quando tudo se torna igual e novo (tudo ao mesmo tempo), lembro deste filme.
Lindo filme!