Pois então, é verdade, nada mais óbvio do que eu e minha vidinha. Estava a perceber tamanha clareza do que sou. A mesma, igual a todo mundo...e eu que me achava diferente.
Huhauahuahauahuahau (of course que não! risos irônicos)
Não, a verdade é que (quase) nunca consigo fugir dos almoços em família, apesar de tentar desesperadamente, assim como alces fogem de leões famintos. Sim, lá vou eu, novamente. E como filha ausente que sou, lá vou eu com um presentinho na mão e uma cara de bunda sem graça daquelas que sorri querendo não está ali. E então...tchan tcha tchan tchan! Simmmmm, os velhos e tão atuais comentários demoraram a chegar mas finalmente chegaram.
Na mesa com a minha “casta” e amável família, da qual não carecia apresentações da “caçulinha”, escutei: “mas já ta ficando velha essa menina! Ainda não casou não, nem quer? É… trabalha demais. Imagine, não quer filhos. Vive sozinha, a pobre, cheia de gatos. Nem medo de fantasma tem!”.
E é evidente que eles não precisam de respostas. Nem mesmo a minha súplica desesperada desejando reverter a situação com um "mas eu tenho medo de fantasmas sim". Pobre de mim, de tão óbvia que sou. Tão esteriotipada que sou, a mulher dos gatos. C'est la vie!
Ah! Me deixem. E é por isso mesmo que recuso os seus desafios, dou de ombros e continuo a trabalhar muito, a comer além da sensação do suficiente, a desfrutar de pequenos porres noturnos, a ler Clariçe e ouvir Cazuza, a beber café como se bebe água, a dormir tarde e acordar cedo, a transar numa frequência invejável, a comprar 7belo, a dormir no buzu, a chorar no cinema, a sorrir por coisas idiotas, a encher o saco com tantas portas.
Tudo tão óbvio, não vê? Não consegue vê?
Me poupe! Estou velha demais para ensinar.
Estou cansada deste cabaré bordado de tantas convenções!
2 comentários:
Essa mulher dos gatos.
terei de dizer que notei a panturrilha da moçoila na imagem... haha!
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